segunda-feira, 6 de junho de 2016

Como os problemas com dinheiro afetam diretamente a sua vida pessoal !

Há alguns anos eu tive uma crise de enxaqueca severa, daquelas que anulam a possibilidade de manter uma vida normal. Até mesmo pensar passou a ser uma tarefa dolorosa. Fui ao hospital algumas vezes até que uma tomografia detectou um pequeno aneurisma que só podia ser tratado cirurgicamente. Felizmente os avanços da medicina são fantásticos, e as cirurgias de hoje são menos invasivas. O procedimento todo foi feito por um cateter, que, como num passe de mágica, eliminou o aneurisma, a dor e o medo.

Não, este artigo não é sobre aneurismas ou cateteres, mas é sobre dor de cabeça, sim. Durante as várias consultas que fiz, uma coisa me chamou a atenção: os médicos sempre queiram saber como andava minha vida financeira. Perguntavam se eu estava preocupado com dívidas, se tinha problemas para pagar minhas contas, se estava gastando mais do que ganhava.

Felizmente eu podia dizer que não estava com problemas financeiros, e que estava com as contas em dia. Curioso, indaguei a um dos médicos sobre essa pergunta, e ele foi enfático em dizer que o sofrimento psicológico provocado pela falta de dinheiro é uma das mais importantes, e presentes, causas da dor de cabeça, além de outros problemas de saúde.

Faz sentido, pensei, pois a dificuldade financeira não se esgota em si mesma. Na verdade, é um problema que tem o potencial de produzir muitos outros, nas mais diversas áreas da vida de uma pessoa, de uma empresa e até de um país inteiro.

A explicação está na profunda conexão que o dinheiro tem com quase tudo com que nos relacionamos. Para entender, podemos recorrer aos ensinamentos de um psicólogo americano chamado Abraham Maslow. Ele é conhecido por ter estudado profundamente as necessidades do ser humano, que devem ser atendidas para que ele seja um ser integral e realizado. Na verdade, sua maior contribuição não foi a lista das necessidades em si mesma, mas a hierarquia que ele criou para elas, e que acabou conhecida como a Pirâmide de Maslow.

Segundo ele, uma pessoa só se ocupa de uma necessidade se outra, anterior, estiver devidamente atendida. Na versão simplificada, as necessidades colocadas na base da pirâmide são as fisiológicas, seguidas das de segurança pessoal, relações humanas, afeto, até chegar ao ápice, onde estaria a busca da realização pessoal.
imagem: internet
A teoria de Maslow é facilmente verificável em várias áreas da vida, como nas escolas, nas empresas e nas famílias. Explica, por exemplo, porque uma pessoa com fome não trabalha bem, com sono não consegue estudar, sem estar integrado ao grupo não se compromete com os objetivos da empresa, ou ainda, porque um jovem abandona a família para se ligar a um grupo com que ele se identifica minimamente.

A análise desse estudo nos ajuda também a entender a vida conflituosa que uma pessoa passa a ter quando está em desiquilíbrio financeiro. Gastar mais do que se ganha é o caminho certo para que a pirâmide inteira de uma vida seja balançada. Relações humanas são afetadas, casamentos são abalados, projetos e sonhos são arquivados, e a própria autoestima, tão importante à estabilidade emocional e à felicidade pessoal, sofre com significativas fissuras.

O lado positivo de um momento de dificuldade financeira, é que, por seu grande desconforto, ele provoca movimento, atitude, revisão da vida, realinhamento das prioridades.

É sempre conveniente lembrar o que dizem todos os manuais de alfabetização financeira: o dinheiro não é responsável nem pela crise, nem pela tranquilidade. O que está por trás dessas duas possibilidades é a gestão que fazemos de nossos recursos. Em geral, pessoas que entram em desiquilíbrio o fazem mesmo depois de terem mudado seu patamar de ganho. Gastar mais do que se ganha é sempre possível, independente de quanto você ganha. Estar equilibrado, também.

Por isso, empenho no ganhar, cautela no gastar e sabedoria no investir, formam a melhor combinação para evitar as dores de cabeça, e manter a pirâmide das necessidades em seu devido lugar. Experiência própria.
Por: Eugênio Mussak
Fonte: medium.com/itau

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