quarta-feira, 30 de março de 2016

Débito automático surpreende clientes com cobranças indevidas


Especialistas aconselham a checar sempre os extratos das contas


Nos meses de janeiro e fevereiro, a cuidadora de crianças Maria de Lourdes Granito, de 61 anos, foi surpreendida com o débito, em sua conta poupança, da prestação de um produto que havia comprado em novembro e parcelado no cartão de crédito. Ao procurar o Bradesco, recebeu a informação de que, para resolver o problema, deveria entrar em contato com a loja onde foi realizada a compra, a Natural Mania. Esta, por sua vez, informou que a responsabilidade era dos dois bancos.

— Liguei para o Bradesco e fui informada de que o banco não poderia fazer o estorno, porque não tinha nada a ver com isso. Eu liguei para a loja e disseram que o problema é dos bancos. Ficaram nesse jogo de empurra e eu, no meio, como uma bolinha de pingue-pongue, sendo lesada, sem ao menos saber se ia receber meu dinheiro de volta — lamenta.

A duplicidade de cobrança ocorreu por causa de uma mudança na forma de pagamento feita na hora da compra. Maria de Lourdes fez um carnê, emitido pelo Banco BI&P, mas na última hora decidiu pagar com cartão de crédito, para ter um desconto na prestação. Os boletos, no entanto, não foram cancelados e passaram a ser descontado da sua conta por meio do Débito Direto Autorizado (DDA), espécie de variação do débito em conta, oferecido pelos bancos para pagamentos de financiamentos e outras modalidades de cobrança, mesmo que de outros bancos. Já o débito automático é mais usado para contas de consumo, como luz, gás e telefone.


Empresas justificam


Lourdes conta que em janeiro recebeu uma mensagem do Bradesco no celular, perguntando se ela gostaria de fazer o pagamento por DDA e, mesmo tendo respondido que não, a cobrança foi feita. Segundo ela, após o contato com o GLOBO, o problema foi solucionado, e o Bradesco estornou o dinheiro para sua conta.

O Banco BI&P, que fez o lançamento do valor, explicou que não havia recebido da loja a informação da mudança na forma de pagamento. “Assim que instituição financeira foi comunicada pela empresa que realizou a venda sobre o ocorrido, cancelou a operação de cobrança”, diz nota do banco. A loja NaturalMania afirmou que não teria como fazer a cobrança na conta bancária da cliente, pois não tinha acesso aos dados da mesma, mas que, de qualquer forma, se ela comprovasse o pagamento, a loja faria o estorno do valor. Já o Bradesco informou, por meio de nota, que manteve contato com a cliente, e o problema está solucionado.

Para evitar débitos indevidos na conta corrente ou poupança, especialistas aconselham a checar sempre os extratos. Isso porque os avisos de lançamentos futuros, que são as contas programadas para débito em conta, aparecem com alguns dias de antecedência. Se houver alguma informação errada, é possível tentar resolver a incorreção de forma rápida. Depois do débito efetuado, a dor de cabeça é sempre maior.

— É muito importante que o consumidor acompanhe o extrato de sua conta. Se houver cobrança indevida, deve procurar o estabelecimento para fazer o estorno o mais possível. Quanto mais cedo isso ocorrer, melhor — explica Renata Reis, coordenadora de atendimento do Procon-SP.

O primeiro a ser procurado deve ser sempre a loja que vendeu o produto ou o prestador de serviço, como no caso de uma conta de telefone ou a mensalidade dos pacotes de TV por assinatura. É esse estabelecimento, sob autorização do cliente, que informa ao banco o quanto deve ser debitado.

Caso o lojista prove que não recebeu os valores pagos indevidamente pelo cliente, é preciso procurar o banco e registrar uma queixa. Se novamente não der resultado, a saída é fazer uma reclamação na ouvidoria da instituição financeira. Em último caso, a saída é recorrer ao Banco Central e aos órgãos de defesa do consumidor.

Segundo a coordenadora do Procon-SP, os débitos em duplicidade ou indevidos em conta corrente não são significativos quando se observa o conjunto de todas as reclamações relacionadas a serviços financeiros. Embora o número não seja elevado, o acompanhamento regular do extrato permite não só checar débitos indevidos, como também débitos não realizados, mesmo com saldo em conta corrente.

— Se, por um erro do banco ou da prestadora de serviço, o débito não for feito, o cliente pode ser surpreendido com um corte no serviço ou com a inclusão de seu nome no cadastro de inadimplentes — alertou.


Preço menor para débito em conta


Quando a empresa ou prestadora de serviço não informa sobre a necessidade do débito, ela deve emitir um novo boleto para que o cliente possa fazer o pagamento, sem cobrança de encargos. Se o banco não realizou o débito, como contratado pelo cliente, deve arcar com esses encargos.

Situação um pouco mais complicada vive o professor Valmir Alves, de 41 anos. Servidor público do Estado do Rio de Janeiro, está com os salários atrasados e ficou sem saldo para pagar as contas que estavam no serviço de débito automático. Resultado: telefone, internet, TV a cabo e plano de saúde foram pagos com juros.

— Acredito que o banco não tenha realizado o pagamento, porque eu não tenho nenhum limite de cheque especial. Mas, se fosse o caso, eu também teria que pagar juros — diz.

A economista Ione Amorim, do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), alerta ainda que algumas empresas oferecerem desconto quando o meio de pagamento é o débito em conta corrente. A prática, no entanto, é incorreta.

— Se está alterando o valor em função do meio de pagamento. Na prática, é cobrar o boleto, e isso é proibido. É uma cobrança abusiva. O valor deve ser o mesmo nas diferentes formas de pagamento — explicou.


Fonte: O Globo Online - 22/03/2016

segunda-feira, 28 de março de 2016

Dívidas e mais dividas...E agora, o que fazer?

Dicas para você não entrar em desespero:

Milhões de brasileiros estão endividados. Caíram na armadilha do “crédito fácil”, acharam que um empréstimo era um bom investimento, que o cartão de crédito era uma ótima opção para gastar e pagar contas, que o banco era seu amigo e os considerava ótimos clientes, por isso lhe deu cheque especial, cartão, financiamentos, empréstimos e portanto usaram todos estes recursos, sem pensar nas conseqüências.

Bem, se você é um destes milhões de brasileiros e está totalmente endividado, usando o limite do cartão para cobrir dívidas de lojas, usando o cheque especial para cobrir despesas de casa, tirando um empréstimo para quitar outro, com contas atrasando. Se os juros estão multiplicando suas dívidas mês a mês, as cartas e ligações telefônicas de cobrança e ameaças de seus credores não param, seu nome já foi para o SPC e SERASA ou está prestes a ir e você já não consegue dormir, não consegue pensar, não sabe o que fazer, certamente sabe sobre do que estou falando.

Começa o desespero. Você está deixando de pagar contas importantes, como seguro do carro, colégio das crianças, condomínio, água, luz e deixando de comprar produtos necessários para sua família, pois está tentando tapar o buraco dos juros e dos juros sobre juros.

Se você continuar cedendo, aceitando renegociações e pagando mais juros sobre as dívidas, os meses e anos passarão, você gastará uma fortuna, talvez tenha que vender o carro e a casa, destruindo o patrimônio e o orçamento da sua família, e ainda continuará devendo.

Talvez seja o momento de você dar um basta na situação. 

Quando as dívidas com juros começam a corromper o orçamento e prejudicar a subsistência da família, e você tem que escolher entre sobreviver ou pagar juros, a melhor escolha é sobreviver.

Portanto, é melhor parar de pagar estas dívidas que não param de crescer e parecem eternas e dedicar seus rendimentos apenas para pagar as dívidas básicas (moradia, alimentação, luz, água, etc).

Abra uma poupança e guarde tudo o que sobrar no final do mês. Esta reserva será muito importante para você poder começar a ajeitar sua vida e saldar as dívidas com seus credores.

Dever não é crime, quanto mais se sua dívida se originou da cobrança dos juros absurdos que são cobrados no Brasil e o pagamento destas dívidas está prejudicando a subsistência de sua família.

Bem, agora é hora de respirar e começar a enfrentar esta nova realidade.

Nos primeiros dias, você começará a receber uma avalanche de cartas e telefonemas de seus credores. As ligações são feitas sem respeitar horário ou local. Eles ligam para o seu telefone residencial, celular e para qualquer telefone que saibam onde você pode estar.

Eles vão infernizar a sua vida. É o trabalho deles. Vão ligar dia e noite e vão fazer ameaças: - Seu nome vai para o SPC e SERASA! Vamos entrar com um processo e tirar seus bens! Você vai ser preso! Etc

Não se intimide com estas ameaças, na maioria dos casos não passam de “ameaças”.

Bem, em relação ao SPC e SERASA, não precisa nem de ameaça. Se você não pagar a dívida, a chance de seu nome ser cadastrado é de 99,9%. Mas existe um lado bom nisso: você não vai mais fazer dívidas, pois não terá crédito no mercado. Terá que comprar tudo à vista e aprender a controlar seu orçamento.

Quanto às ligações para seus telefones, evite aborrecimentos! Eles têm o direito de ligar para o seu telefone, mas você tem o direito de não atender. Portanto, no celular, basta bloquear a ligação e o telefone fixo coloque um identificador de chamadas ou em último caso troque o telefone. Ninguém é obrigado a ficar ouvindo desaforos e ameaças de um funcionário mal educado e que é pago para agir assim.

Os bancos, cartões de crédito, financeiras e outras instituições do gênero não costumam entrar com ações de cobrança judicial, apenas em casos de grandes dívidas, pois o melhor (mais rápido, barato e eficiente) negócio para eles é colocar o nome do devedor no SPC e SERASA e infernizar a sua vida através de empresas de cobrança que ficam ligando dia e noite e fazendo ameaças.

Em relação à ameaça de prisão, lembre-se: Dever não é crime! E você não ficou devendo por que quis, mas sim porque teve que fazer uma escolha entre pagar os juros absurdos cobrados ou colocar o alimento na mesa para sua família.

Mas ATENÇÃO aos seus direitos: Eles têm o direito de cobrar (ligar e mandar cartas), mas o direito deles vai até onde começa o seu. Portanto, cobranças que começam a incomodar você, que sejam em lugares ou horários impróprios não são permitidas e você pode buscar a Justiça para limitar estes abusos.

Eles também não podem ligar para seu trabalho, para familiares ou vizinhos, tampouco fazer você passar vergonha, isto é crime! (Leia mais em "É crime fazer o devedor passar vergonha") 

Agora, passados alguns meses, você vai começar a colocar a sua vida em ordem e procurar os credores para quitar às dívidas.

Veja o quanto você conseguiu guardar na poupança (lembre-se de fazer a poupança, isto é muito importante, ou estes conselhos não servirão para nada). Faça uma listagem dos credores, em ordem da maior para a menor dívida. Comece pela menor. Entre em contato e veja a possibilidade de acordo com um bom desconto para pagamento à vista. Se não obtiver sucesso, passe para o próximo.

Coloque os mais flexíveis no topo da lista. Negocie com um de cada vez, e só aceite a proposta se for para pagamento à vista, com um bom desconto e que o valor caiba dentro do seu orçamento. (novos parcelamentos somente nos casos em que você tenha certeza de que são um "ótimo" negócio, em relação à dívida)

Não tente fazer acordos com vários credores ao mesmo tempo, a não ser que suas economias permitam que você consiga quitar as dívidas à vista.

Não tenha pressa, você se endividou ao longo de meses (ou anos) e não será da noite para o dia que irá resolver “todas as suas dívidas”.

Todavia, lembre-se de ter disciplina e força de vontade. Você tem que economizar e tem que correr atrás de seus credores para quitar as dívidas!

Assim, a médio prazo, você conseguirá saldar todas as suas dívidas e poderá começar uma vida nova.

Agora vai um último conselho: Não adianta limpar o nome e começar a gastar novamente, seja consciente com o quanto você ganha e o quanto pode gastar, tenha os pés no chão e nunca "dê o passo maior que a perna", assumindo algo que não poderá pagar sem folga no orçamento, e viva bem, sem preocupações, sem desespero e sem dívidas.

Fonte: SOSConsumidor.com.br

sábado, 26 de março de 2016

7 Dicas para casar gastando pouco

Não é preciso estourar o orçamento para organizar uma festa de casamento. Saiba como

O dia mais feliz da sua vida foi quando ele(a) pediu você em casamento. O mais triste, foi quando vocês descobriram o quanto custava, de fato, realizar a festa. Muitos noivos se assustam quando percebem o quanto cada elemento de uma celebração pode sair caro e, consequentemente, o sonho de reunir toda a família e os amigos acaba sendo adiado, às vezes por anos.

Mas não precisa ser assim: confira 7 dicas para economizar e garantir que sua festa de casamento caiba no seu bolso:


1. Estabeleça uma meta

Hoje em dia, é comum os próprios noivos bancarem a festa, mas é preciso ser realista para não entrar na vida a dois com a conta negativa. Antes de começar o planejamento, o ideal é que o casal converse e estabeleça um valor máximo para gastar na festa – de preferência, um valor que os dois já tenham, somando suas economias. Se esse for o caso, o dinheiro pode ser separado e guardado num fundo de investimento, para render durante os meses de preparação.

2. Contrate uma assessoria

A assessoria de casamento pode parecer um luxo, à primeira vista, mas é surpreendente o quanto se pode economizar com uma boa orientação profissional. Se bem escolhida, a assessoria (completa) pode ajudar a encontrar fornecedores que se encaixam no orçamento do casal, negociar contratos mais vantajosos e buscar soluções mais baratas para certos elementos da festa, de acordo com o perfil dos noivos.

3. Frequente feiras de casamento

Este item exige um pouco de paciência, mas é uma boa dica para quem não sabe por onde começar. Nas feiras de casamento, como a Expo Noivas (que acontece duas vezes por ano em São Paulo), profissionais de todos os tipos, desde assessorias até fornecedores de lembrancinhas, drinks, convites e vestidos, exibem seus trabalhos e oferecem descontos significativos para quem fechar contratos durante o evento.

4. Defina prioridades

Se o orçamento é apertado, talvez vocês tenham que abrir mão de alguns mimos para investir em outros. Por mais que uma cascata de chocolate soe tentadora, por exemplo, talvez ela não seja tão importante quanto um bom fotógrafo, ou um bom DJ. No caso de um casal que adora gastronomia, talvez o buffet seja o item mais importante, e a decoração possa ser mais barata. Conversem, descubram o que é essencial para vocês e deixem para economizar nos elementos que não são tão significativos para os dois.

5. Envolva sua família

Este é um item controverso, mas garante economia e pode criar uma cerimônia muito mais significativa para os noivos. Uma boa ideia para evitar problemas (como parentes e amigos trabalhando quando deveriam estar se arrumando; ou uma decoração confusa, feita por muitas mãos) é dar pequenas funções a cada um: um amigo que fala bem pode ser o cerimonialista; um parente mais prendado pode fazer vasinhos para as mesas, enquanto outro prepara uma montagem com as fotos para colocar nas paredes... Vale tudo, desde que a festa tenha a cara do casal!

6. Diminua a lista

Cortar nomes da lista de convidados é um processo doloroso, mas necessário. Afinal, quase tudo na festa depende da quantidade de pessoas: o buffet, o espaço, o bar, os doces... A boa notícia é que os chamados “mini weddings”, muito comuns hoje em dia, podem ser realizados em espaços muito mais charmosos, como um restaurante, o quintal da casa dos noivos ou até um hotel em outra cidade. Para fazer o “corte”, você pode considerar algumas dicas*:

- Você conversou com essa pessoa no último ano? (Se “não”, corte.)

- Você costuma ver essa pessoa fora do ambiente de trabalho? (Se “não”, corte.)

- Seu noivo/a conhece essa pessoa? (Se “não”, corte.)

- Você pode imaginar seu casamento sem essa pessoa? (Se “sim”, corte.)

- Você está convidando essa pessoa por obrigação? (Se “sim”, corte.)

7. Não tenha pressa

Planejar um casamento exige muita pesquisa e dedicação, mas não é preciso ter pressa: curta cada etapa, visite vários espaços, prove vários cardápios, conheça várias pessoas. Aos poucos, naturalmente, o casamento começará a ganhar forma e, quando você menos esperar, terá chegado o grande dia!

*Nota: o casamento é um momento muito pessoal para qualquer casal, por isso, todas as dicas expostas aqui são apenas sugestões, para serem discutidas a dois e consideradas ou não de acordo com cada situação.

Fonte: Portal do Consumidor - 22/03/2016

quinta-feira, 24 de março de 2016

8 Percepções venenosas que você tem sobre dinheiro

São Paulo – Muitas vezes, colocar as finanças nos trilhos não é questão de fazer o melhor investimento, poupar um percentual ‘x’ do seu salário ou investir religiosamente para a aposentadoria. Ter um relacionamento saudável com o dinheiro, em muitos casos, é uma questão de refletir sobre a forma como você toma suas decisões financeiras e por que você age dessa forma.

Nesta terça-feira (17), o banco Itaú divulgou o estudo Escolhas e Dinheiro, um levantamento que traz boas pistas sobre a forma como nos relacionamos com o dinheiro e como mudá-las.

Conduzida pela Studio Ideais, empresa de inovação em conhecimento, a pesquisa utilizou uma metodologia qualitativa, que se valeu de conceitos de antropologia, filosofia, sociologia e economia aplicada para traçar um panorama sobre a forma como os brasileiros tomam suas decisões financeiras.

A pesquisa foi realizada de duas formas: por meio de uma plataforma digital, na qual os participantes mantiveram por duas semanas um diálogo contínuo com a equipe da Studio Ideias, e por meio de entrevistas presenciais, feitas nas casas dos participantes, que incluíram análises profundas sobre seus hábitos financeiros.

A seguir, estão destacadas algumas das principais conclusões do estudo. Elas evidenciam algumas percepções que os brasileiros têm sobre conceitos como consumo, investimento e poupança que estão bem descoladas da realidade e revelam por que falhamos tanto quando o assunto é dinheiro. Confira.

Thinkstock/cyano66
1) Não consumir é gastar e consumir é ganhar 

De acordo com o estudo, muitas das impressões que temos sobre dinheiro estão ligadas ao histórico econômico do país. Quem conviveu com os altos níveis de inflação da década de 80 e do começo dos anos 90, aprendeu na marra que consumir rapidamente era sinônimo de economizar e que ser um bom planejador era mais associado ao ato de gastar rapidamente do que ao ato de se planejar para o futuro.

Isso fazia sentido quando a escalada da inflação levava o real a perder seu valor mais rápido do que um saco de arroz, tornando as aplicações financeiras verdadeiras latas de lixo e transformando bens de consumo em investimentos extremamente rentáveis.

Essa prática criou a lógica de que não consumir era gastar e consumir era ganhar. Assim, permanece até hoje entre os brasileiros um sentimento de impotência em relação às suas escolhas financeiras e a impressão de que consumir é a forma certa de usar o dinheiro.

2) Consumir é sensato 

O levantamento mostra também que o consumo é visto como uma forma de se expressar. Assim, as pessoas consomem para se sentirem inseridas em um contexto social.

“Hoje, uma pessoa que leva duas blusas pelo preço de uma, mesmo sem precisar de nenhuma, é vista como uma pessoa informada, que saber gastar bem seu dinheiro. Isso gera um sentimento de pertencimento, é como se ela passasse a ter voz”, diz Denise Hills, superintendente de sustentabilidade e negócios inclusivos do Itaú.

Segundo ela, existe uma inversão de valores, fruto de experiências passadas, como a alta inflação, que leva os brasileiros a acreditarem que usar o dinheiro sabiamente é mantê-lo em fluxo. E com a ampliação da renda da população, o consumo passou a ser ainda mais visto como uma forma de expressão. Assim, consumir hoje é um hábito mais bem visto do que poupar para muitas pessoas.

3) Poupar é sinônimo de isolamento 

Na esteira da percepção de que ao consumir produtos da moda ou aproveitar uma promoção imperdível é possível ser mais aceito socialmente, o ato de poupar tem sido visto como sinônimo de não se comunicar e não participar.

“Guardar dinheiro tem sido visto como um hábito de pessoas gananciosas, como um vício do mal. Mas, existe algo mais eficiente do que ganhar juros em vez de pagar?”, questiona Denise.

Segundo o estudo, o hábito de poupar é ainda mais inibido porque é visto também como algo muito difícil e ainda por cima arriscado, o que remonta ao episódio de confisco da poupança no governo Collor, em 1990. 

4) Gastar é ser generoso 

Outro aspecto interessante do estudo mostra que para o brasileiro o consumo é visto como um ato de generosidade. “Ser generoso é uma característica muito forte do brasileiro. Assim, se o gasto é realizado para presentear alguém querido, a pessoa acredita que a dívida se justifica”, afirma a superintendente de sustentabilidade do Itaú.

De acordo com o levantamento, para o brasileiro consumir é uma maneira de criar e fortalecer laços afetivos, o que seria uma razão mais do que justificável para o gasto. "Isso impede que a dívida seja vista como algo ruim", comenta Denise.

5) Tudo é extremamente necessário 

Como via de regra, ao classificar o que é essencial e o que é supérfluo, despesas com alimentação, moradia, transporte, educação e saúde são consideradas como necessidades básicas e gastos com lazer, roupas, eletrônicos, viagens e outros seriam supérfluos.

Ocorre que, no dia a dia, esses conceitos se misturam por causa da necessidade de consumo dos chamados "produtos simbólicos", que seriam os sentimentos de participação, inteligência, afeto, completude, felicidade, etc.

Assim, para satisfazer esse tipo de necessidade, a percepção do que é necessário se amplia e umaviagem, por exemplo, que seria supérflua, passa a ser vista como algo necessário por trazer um sentimento de felicidade e de participação.

“Na nossa cabeça não existe essa hierarquia de itens básicos e supérfluos, tudo se mistura e passa a ser necessário. Isso acontece porque a emoção mexe com a forma como definimos o que é necessário e isso gera desequilíbrio financeiro e estrese”, diz Denise.

Segundo ela, ao gastar mais do que você pode com uma viagem porque existe alguma emoção que justifica sua importância, você satisfaz um desejo presente, mas cria um problema no futuro. É importante, portanto, tomar consciência de que as emoções influenciam nossas decisões para que alguns gastos sejam melhor administrados. 

6) Deixar o dinheiro na poupança é bom, mas investir é arriscado 

O estudo identificou que, para o brasileiro, poupar é sinônimo de deixar o dinheiro na caderneta de poupança, que é vista como algo extremamente seguro e que mantém o dinheiro parado. Assim, poupar seria uma forma de manter a estabilidade financeira. Já o investimento é algo que mantém o dinheiro em movimento e envolve riscos.

Nessa linha, poucas pessoas percebem como os juros pagos nos investimentos podem trabalhar a seu favor e como deixar o dinheiro parado na poupança, rendendo a juros baixíssimos, é desperdício de dinheiro.

Isso pode ser explicado também pela impressão que os brasileiros têm de que a única alternativa à poupança é o investimento em ações. Assim, como a bolsa é vista como muito arriscada, as pessoas preferem investir por meio do consumo, comprando imóveis, por exemplo.

“Os brasileiros desconhecem os investimentos em renda fixa e, aqueles que buscam algo mais que a poupança chegam apenas até os fundos de investimento e param por aí", diz Denise. 


7) Crédito é bom e empréstimo é ruim 

Ainda que, tecnicamente, as palavras crédito e empréstimo possam ser sinônimas, na percepção dos brasileiros elas têm significados diferentes.

Enquanto o crédito é visto como um selo de aprovação social, e um sinal de credibilidade, o empréstimo tem uma conotação negativa e é visto como um socorro, um sinal de dificuldade ou imprudência financeira.

Assim, a interpretação predominante é que ao comprar uma casa, usa-se o crédito e isso é sinônimo de realização, já para pagar a conta do hospital, é realizado um empréstimo, algo que é visto como uma dificuldade. Da mesma forma, ao comprar uma bolsa que a pessoa julga essencial, ela interpreta que usou crédito, mas ao comprar móveis caros e se endividar por isso foi realizado um empréstimo.

"Esse pensamento é pouco eficiente, mas absurdamente comum. Assim, muitas pessoas acham que o limite do cheque especial ou do cartão de crédito é uma extensão do salário e não olham o crédito como uma dívida", afirma Denise Hills.

8) Ter uma dívida é diferente de estar endividado 

Outra conclusão do estudo é que as pessoas entendem de forma diferente o que é ter uma dívida e o que é estar endividado.

Basicamente, ter uma dívida é interpretado como ter um empréstimo em aberto, uma dívida vencida e como algo pontual. Já estar endividado é sinal de que a pessoa não consegue pagar o empréstimo. “A pessoa passa a achar que está endividada apenas quando não consegue pagar a dívida”, diz Denise.

Assim, se ter credito é ter credibilidade, estar endividado é interpretado como falta de credibilidade. Isso resulta na percepção de que a dívida é injusta, o que dificulta o seu pagamento. 

Fonte: Exame Online - 19/11/2015

terça-feira, 22 de março de 2016

Ter ou não ter? Como pagar? Veja 6 dicas sobre cartão de crédito

Marcos Santos/USP Imagens
Com taxa de juros que chega a mais de 400% ao ano, é preciso saber usar o cartão de crédito para não transformá-lo em vilão

Andar pelos corredores dos shoppings, enfrentar placas de promoção nas vitrines, visualizar ofertas de produtos na internet. Pois é, muitas vezes fica difícil se controlar diante das tentações, ainda mais quando contamos com a “mágica” do cartão de crédito, que nos permite fazer a compra mesmo quando não temos o dinheiro em mãos. Porém, é preciso ter muita parcimônia, já que as taxas de cartão de crédito são consideradas as mais altas do mundo, chegando a 439,5% ao ano, segundo dados do Banco Central (BC).

É possível utilizar o cartão de crédito como forma de pagamento sem comprometer as finanças

É possível utilizar o cartão de crédito como forma de pagamento sem comprometer as finanças
Claro que você escapará da taxa altíssima se pagar a fatura em dia. Então, para aqueles que são controlados, o cartão se apresenta como um aliado, sendo um ótimo instrumento de compra a crédito, pois dá um prazo de 40 dias, em média, para a efetuação do pagamento. Além disso, especialmente em compras grandes, ele traz a segurança ao consumidor em evitar o uso de dinheiro.

No entanto, o assunto se faz urgente quando pensamos que é raro encontrar, atualmente, alguém que não anda com, pelo menos, um cartão de crédito na carteira – e que tivemos um recorde do saldo devedor do rotativo de cartão de crédito no ano passado que somava R$ 33,122 bilhões no final de junho, por exemplo.

Apesar de exigir consciência e cuidado, é possível, sim, utilizar essa forma de pagamento sem comprometer as finanças. Quer saber como usar o cartão como um aliado e não um vilão? Então fique atento as dicas dos especialistas consultados pelo iG.

1. Seja sincero consigo mesmo

Não adianta, você deve ser sincero na hora de resolver ter ou não ter um cartão de crédito – e mais do que isso, quantos deles vai ter. Você é disciplinado? Recebe o salário em uma parcela ou em duas? Um ou dois cartões podem te atender perfeitamente. Ou você é consumista, tem preguiça de acompanhar o extrato de gastos? Bom, neste caso é melhor pensar (muito bem!) se terá um cartão – e se não é melhor deixá-lo em casa para somente utilizá-lo quando realmente for necessário.

“O ideal é ter um ou dois, no máximo. Também sugiro que a pessoa vá guardando os canhotos do cartão, anotando tudo para saber quanto deve, somado, para não se perder”, explica a planejadora financeira certificada CFP®, Letícia Camargo.

2. De olho no limite 

Essa é uma das dicas mais importantes para qualquer consumidor: fique de olho no limite do cartão – ou cartões! Segundo Letícia, este deve ser em torno de 30 por cento da sua renda. “Assim, se você tem dois cartões, a soma dos dois limites deverá ser trinta por cento, e não cada um”, pontua Letícia. 

3. Não atrase o pagamento – e evite o valor mínimo

Segundo o advogado especialista em direitos do consumidor e consultor financeiro, Dori Boucault, o ideal é ter um cartão com data de vencimento próxima à data do pagamento do salário, pois, assim, você pode pagar a fatura assim que cair o salário, evitando a os atrasos. Afinal, pagar a fatura completa e em dia é o melhor dos mundos, certo?

Mas em caso de atraso, há duas saídas mais comuns: pagar o valor mínimo (e entrar no chamado crédito rotativo) ou parcelar a fatura.

Para usar o chamado crédito rotativo no vencimento da fatura, o consumidor deve fazer o pagamento de qualquer valor entre o mínimo e o total. O restante é automaticamente financiado e lançado no mês seguinte, com juros. Porém, de acordo com nossos especialistas, essa é a opção menos indicada. O melhor é fazer o parcelamento do débito da fatura – que têm taxas de juros mais baixas, geralmente, em relação ao pagamento do valor mínimo. 

Porém, mesmo com as parcelas, é preciso cuidado. O advogado orienta a observar se o valor não muda de acordo com o mês. “Tente fazer um parcelamento com situações possíveis de serem cumpridas, alongando o pagamento com uma parcela menor, mas olhe bem se esse juro não é abusivo”, avisa Boucault. 

Caso isso aconteça, não valerá a pena utilizar a forma parcelada, sendo ainda possível recorrer a linhas de créditos menores. “Procure uma linha de crédito com juros mais baixos, como o crédito consignado, por exemplo. Ele costuma ter juros mais acessíveis e livra o consumidor de pagar os altos do cartão”, explica Letícia.

4. Use dinheiro e débito para controle

Um erro cometido por grande parte dos usuários de cartão de crédito é se tornar totalmente “dependente” dele, ou seja, utilizá-lo para todo e qualquer tipo de compra. Isso não é indicado porque você pode perder o controle, especialmente ao esquecer aquelas pequenas compras.

“Claro, se a pessoa for bem disciplinada e conseguir acompanhar todos os seus gastos, é indiferente se usar dinheiro ou cartão de crédito. Mas, em geral, as pessoas não têm tamanho controle, por isso sugiro que não usem o cartão para compras do dia a dia, preferindo dinheiro ou cartão de débito. Dessa maneira, poderá enxergar melhor quanto tem de dinheiro no banco. Já com o cartão de crédito, pode ter surpresas ao ver a fatura”, explica Letícia Camargo.

5. Compras no exterior, e agora?

Vai viajar e não sabe qual a melhor escolha na hora de sair às compras? Segundo a planejadora financeira Letícia Camargo, quando for possível pagar em moeda, deve-se fazê-lo, uma vez que, atualmente, na compra do papel moeda são cobrados 0,38% de IOF, já no cartão a taxa é de 6,38%, ou seja, muito maior.

“Veja, usar cartão de crédito fora do país pode trazer dois grandes problemas: o primeiro é você gastar um monte, chegar no Brasil e não conseguir pagar. Outra coisa é que você vai pagar a fatura apenas no mês seguinte e, por isso, dependerá do câmbio futuro da moeda desse país. Quanto estará o dólar no outro mês, por exemplo? Só para ilustrar: no ano passado, tivemos mudança de R$ 2,70 para R$ 4. Então, se planejou gastar R$ 500, acabou gastando R$ 1000”, destaca Letícia. 

6. Milhas são benefícios, não causas

Já ouviu aquela conversa de que “vai comprar com cartão de crédito só para ganhar milhas?”. Pois é, muita calma nessa hora! Para não cair em uma cilada, o usuário deve enxergar as milhas como um benefício – e não como uma causa da compra. Além disso,
Dori Boucault destaca que se você souber utilizá-las, pode valer a pena, mas é preciso ficar atento a detalhes como data do vencimento, forma de utilização e data de possibilidade de viagem etc. Afinal, para utilizar os pontos, é preciso ter paciência para fazer a conversão das milhas, pois o atendimento pode ser burocrático e demorado.

“Não gaste pensando nas milhas, pois são incertas. Faça bem a conta para ver se não está sendo iludido com a promessa de vantagens”, finaliza.

Fonte: IG Notícias - 21/03/2016

quinta-feira, 17 de março de 2016

PERGUNTA E RESPOSTA - Dívidas X Empréstimo pessoal

PERGUNTA E RESPOSTA

“Tenho dívidas para pagar e estou pensando em pegar um empréstimo pessoal. Pelo que pesquisei, parece ser uma boa opção. Quais os cuidados que devo ter ao buscar esse tipo de crédito?”, Lenita, por mail


Há no mercado financeiro várias instituições ofertando crédito, com diferentes taxas de juros. O primeiro passo é fazer uma pesquisa e verificar as condições de pagamento e as taxas que estão sendo aplicadas. O Banco Central do Brasil publica na internet um ranking com as taxas de juros praticadas por 63 instituições financeiras para o crédito pessoal. No último boletim disponibilizado, há taxas de 1,5% a 20,43% ao mês, que correspondem a 19,56% a 803,95% ao ano. 

Algumas instituições oferecem carência de alguns meses para começar a pagar. Porém, sempre peça para o gerente simular o pagamento com e sem carência. Tenha em mente que as taxas fixas são sempre melhores, pois trazem mais segurança e facilitam o planejamento financeiro. Os juros variáveis sofrem muito a influência do mercado financeiro e da inflação, fazendo com que a parcela chegue a patamares elevados. Novamente, você terá que pedir ao gerente uma simulação.

Caso esteja em busca de um crédito pessoal para quitar dívidas com cartão de crédito ou cheque especial, você precisa levar em conta se os juros do empréstimo ficaram abaixo dos cobrados pela administradora do cartão ou do cheque especial, caso contrário não valerá apena.

Sempre falo da importância do planejamento financeiro para a saúde de nossas contas. Quando se trata de pegar um empréstimo é fundamental rever esse planejamento, pois a parcela deverá caber em seu orçamento. Lembre-se que você fará uma dívida de longo prazo para quitar outras dívidas.

Negocie as antigas, já que irá quitá-las à vista — desta forma fará o dinheiro do empréstimo render. E, por último, mas não por fim, como diz o provérbio, “O que é combinado não custa caro.” Ou seja, sente com seu gerente e tenha uma longa e aberta conversa com ele.
Fonte: O Dia Online - 09/03/2016


terça-feira, 15 de março de 2016

Dicas para Renegociar sua dívida

Renegocie a dívida 

A renegociação da dívida é uma alternativa para evitar ou sair da inadimplência. O débito pode ser renegociado com ampliação dos prazos de pagamento e redução das taxas de juros e encargos. Confira dicas para quitar suas dívidas da melhor forma:
  • Entre em contato com o fornecedor, seja claro e objetivo, reconhecendo que está em dificuldades financeiras e pretende renegociar o débito;
  • Tente ajustar as condições, de tal forma que viabilize a retomada dos pagamentos;
  • Marque uma hora para assinar um contrato de renegociação da dívida, que deve ser feito por escrito e com assinatura de duas testemunhas;
  • Evite a renegociação por telefone, mas, se não houver outro jeito, peça o número de atendimento e do registro da renegociação (que a identifique no cadastro do credor), anote o nome do atendente, dia, hora e solicite o envio do documento, para validar o ajuste no contrato. 
Faça sua proposta 

Em muitos casos, o credor considera aquele crédito como perdido, principalmente se o devedor não tiver bens em seu nome que possam ser leiloados na justiça para saldar a dívida. Por essa razão, a moeda de troca será: posso pagar um valor determinado, sob novas condições, em lugar de não pagar nada. 

Cumpra os prazos 

Não deixe de cumprir os novos prazos renegociados, pois os juros cobrados por atraso da parcela ajustada podem ser ainda mais elevados. Também há a possibilidade de que a dívida seja cobrada de uma só vez e na justiça, com risco de perda de bens. 

Limpe seu nome no SPC e Serasa 

Se seu nome já estiver no SPC ou qualquer outro órgão de restrição ao crédito dificilmente lhe será concedido novo empréstimo, exceto em financeiras, que não são recomendadas devido às altíssimas taxas. O melhor seria somente negociar as dívidas com o credor. 

Boletos e carnês são melhores opções 

Prefira boletos ou carnês bancários a notas promissórias para novos pagamentos. Promissória pode ser protestada imediatamente e cobrada independentemente da dívida ou de qualquer obrigação, por ser um título de crédito. 

A cobrança judicial do credor é bem rápida. Cheques pré-datados também não são boa solução, pois podem ser endossados e repassados, o que não é muito seguro (se recorrer a essa forma de pagamento, descreva no verso sua finalidade). 

O alerta do endividamento deve ser acionado quando tiver 30% do seu orçamento comprometido com dívidas. Para saber quanto do seu orçamento está comprometido, some todas as parcelas de financiamentos que paga, incluindo as compras parceladas em lojas (mesmo que não incidam juros sobre elas). 

Um comprometimento de 30% ou um pouco mais já é preocupante, mas você tem todas as condições de reverter o quadro. Bastará dar preferência à quitação das dívidas, abrir mão de alguns gastos pessoais, de lazer e fazer pequenas economias em casa que a situação melhorará muito. 

Quando o endividamento passar de 50% é preciso mudar o estilo de vida para reverter a situação. Podem ser necessárias medidas como trocar o carro por um modelo mais barato e econômico, suspender a TV por assinatura, trocar marcas de produtos mais caras por mais baratas. Qualquer renda extra, como 13º salário, adicional de férias e eventual restituição do Imposto de Renda, deve ser utilizada para quitação ou amortização das dívidas. 

Já o superendividado é aquele que tem 100% ou mais de sua renda comprometida com dívidas. Mudanças radicais devem ser feitas para se alcançar o equilíbrio financeiro, como morar em um lugar mais barato, mudar os filhos de escola (talvez da particular para a pública), vender o carro, dispensar a empregada ou a diarista. 

Infelizmente, às vezes, se chega a essa situação por desatenção ou compulsão consumista, e tem de fazer mudanças que afetem diretamente sua qualidade de vida.

Fonte: Proteste - proteste.org.br - 07/03/2016

domingo, 13 de março de 2016

Bancos se antecipam e oferecem aos clientes crédito anticalote

O tempo em que os bancos deixavam clientes por meses e meses no rotativo do cartão de crédito ou no cheque especial chegou ao fim. Com a recessão, as principais instituições passaram a turbinar linhas de crédito de prevenção à inadimplência.

Esse tipo de produto financeiro tem juros menores e prazos maiores. Foi criado há cerca de dois anos, quando era fácil conseguir crédito na praça. Naquele momento, os bancos temiam que os tomadores de empréstimos perdessem o controle de seu orçamento. Com a recessão, as chances de inadimplência são ainda maiores. Por isso, os bancos se anteciparam oferecendo o produto.

"Ninguém quer cliente negativado", diz Rodrigo Cury, superintendente executivo do Santander da área de cartões. "O bom cliente é aquele que fica dez anos e não aquele que em alguns meses deixa de pagar e eu o perco."

No Santander, qualquer correntista pode optar por aderir ao Sob Controle, nome do produto "anti-inadimplência" do banco, caso perceba que está perto da inadimplência ou entrando no cheque especial todo mês.



Já o Banco do Brasil monitora a movimentação de seus correntistas e oferece o CDC Renovação para clientes que se enquadram em um perfil previamente definido.

"A oferta vai para um cliente que utiliza mais de 50% do limite do cheque especial por mais de 60 dias, por exemplo", diz Edmar Casalatina, diretor de empréstimos e financiamentos do BB.

O Itaú Unibanco possui o Sob Medida, que unifica contratos de crédito pessoal, cheque especial e cartão de crédito em um único produto.

VALE A PENA?

A opção por uma dessas linhas "anti-inadimplência" pode ser benéfica, mas não em todos os casos. Segundo consultores, é preciso analisar as taxas de juros e o prazo antes de fechar o contrato.

O professor de matemática financeira José Dutra tem uma regra básica: "Se as taxas forem mais baixas do que o cliente já vinha pagando, vale a pena", diz.

Reinaldo Domingos, presidente da Abefin (Associação Brasileira de Educadores Financeiros), recomenda esse tipo de linha para quem está refém do cheque especial ou do cartão de crédito. "Você vai dobrar a dívida [do cheque especial ou do cartão] em pouco tempo", diz.

ALTERNATIVAS

Os bancos também contam com outras linhas de crédito para o cliente que pretende reorganizar dívidas. Crédito com bens em garantia ou, em alguns casos, o consignado, podem ser mais adequados.

A Caixa oferece a linha Penhor, com juros de 1,93% ao mês. É possível usar o imóvel como garantia.

"O brasileiro tem medo [desse tipo de produto], mas você deve pensar em todas as formas para quitar o que poderá te matar lá na frente. Se você se planejar, não há perigo em perder o imóvel", diz Marcelo Prata, presidente do Canal do Crédito.

Os juros nesse tipo de operação variam de 1,54% a 2,20% ao mês. "Quanto mais garantias o banco tiver, mais baixa será a taxa para o cliente", diz Prata.

"Antes, o cliente ficava rodando por linhas com juros altíssimos. Agora, o banco já propõe uma alternativa."

CRÉDITO CONTRA INADIMPLÊNCIA

O QUE É?
Linha oferecida a clientes que mostram chances de se tornarem inadimplentes, quem fica muito tempo no cheque especial, quem cai sempre no rotativo do cartão de crédito, quem tem prestações a vencer em poucos meses. Bancos identificam esses correntistas e oferecem crédito com juros menores.

QUEM PODE USAR?
Aquele cliente que já sabe que não vai conseguir quitar todas as dívidas do mês ou que já está utilizando formas mais caras de crédito. Os bancos oferecem maneiras de renegociar o montante devido, limitando parcelas e renegociando prazos.

TENHA ATENÇÃO
Dinheiro de banco só é bom quando planejado. Por isso, antes de aceitar a oferta, clientes que ′estouram′ o limite todo o mês devem fazer um diagnóstico financeiro para identificar possíveis gastos abusivos.

QUANDO?
Se você tem dívidas no cartão ou no cheque especial e não vai conseguir quitá-las, pode ser a hora de utilizar esse crédito. Pergunte ao banco sobre a linha e a taxa de juros oferecidas.

ONDE CONSIGO?
A maioria das linhas de crédito está disponível em todos os canais –agências, internet, telefone ou caixas eletrônicos. Em uma conversa com seu gerente, é possível descobrir as alternativas.

DICA 1
Negocie. O banco sempre trabalha com uma folga entre as taxas apresentadas na primeira negociação e a que ele efetivamente pode cobrar de você. Lembre-se que quanto menor o risco, menor também é a taxa cobrada.

DICA 2
Os bancos costumam embutir seguros em operações de crédito. O cliente não é obrigado a contratá-lo, mas o juro sobe sem a garantia. Peça ao banco o custo efetivo total do seu novo empréstimo com e sem seguro antes de fechar o contrato.

QUANDO NÃO CONTRATAR?
Quando o crédito oferecido for menor que a dívida total ou quando tiver acesso a linhas mais baratas, como as que têm bens como garantia.

por VINICIUS PEREIRA
Fonte: Folha Online - 07/03/2016